No Ceará, o transporte de passageiros sobre trilhos é um componente vital da mobilidade nas três regiões metropolitanas do estado, consolidando-se como um importante meio de deslocamento.
Existem duas categorias distintas de transporte coletivo por trilhos em operação no estado: o metrô e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
O metrô, que opera na Região Metropolitana de Fortaleza (Linha Sul), é caracterizado por uma via férrea segregada em toda sua extensão, protegida por muros e grades sem aberturas, devido à presença de rede elétrica de alta tensão.
A infraestrutura do metrô inclui túneis, viadutos, passarelas e passagens subterrâneas, eliminando cruzamentos com ruas e avenidas e garantindo a segurança e eficiência do sistema.
Esse isolamento permite que o metrô opere sem interferência do tráfego rodoviário, oferecendo uma solução de transporte de alta capacidade e impacto significativo na infraestrutura urbana.

Em contraste, as linhas de VLT no Ceará – que incluem as linhas Oeste, Nordeste, VLT do Cariri e VLT de Sobral – não possuem eletrificação, utilizando motores de tração a diesel.
Essas linhas mantêm cruzamentos com ruas e avenidas, conhecidos como passagens de nível ou cruzamentos rodoferroviários, permitindo maior interação com o tráfego rodoviário e causando menor impacto urbano em comparação com o metrô.
A permeabilidade do VLT possibilita sua integração mais harmônica com o ambiente urbano, compartilhando espaço com veículos e pedestres.
Segundo Edilson Aragão, arquiteto, professor e diretor do Metrofor, a diferença mais significativa entre o metrô e o VLT reside na capacidade de transporte e impacto urbano.

O metrô, com maior capacidade de transporte, atende a demandas maiores, enquanto o VLT, operando em velocidades mais baixas e com menos viagens diárias, possui menor capacidade, mas menor impacto na estrutura urbana.
Em 2023, a Linha Sul do metrô respondeu por 56,4% da demanda de transporte atendida pelo Metrofor, enquanto as quatro linhas de VLT dividiram os outros 43,6%.
A Linha Sul do metrô, com 24,1 quilômetros de extensão e 20 estações, opera entre Fortaleza e Pacatuba, atingindo velocidades máximas de 70 km/h.
Já o VLT cobre um total de 60,2 quilômetros de trilhos, com 75 cruzamentos e 42 estações, distribuídos entre Fortaleza, Caucaia, Sobral, Juazeiro do Norte e Crato.

As passagens de nível (PNs) nos sistemas de VLT são pontos críticos que requerem atenção redobrada. As linhas Oeste, Nordeste, VLT de Sobral e VLT do Cariri realizam juntas 195 viagens diárias e possuem 75 cruzamentos.
As PNs são sinalizadas com placas, cancelas, luzes, alertas sonoros e sinalização horizontal, e os trens reduzem a velocidade e buzinam ao passar por esses trechos, visando reduzir riscos e gravidade de acidentes.