O Brasil está se aproximando da marca de 600 ônibus elétricos em operação, mas ainda está longe de liderar a América Latina nesse setor. Atualmente, o Brasil possui 578 ônibus elétricos, entre os quais 276 são movidos a bateria e 302 são trólebus, que utilizam energia de linhas aéreas. O levantamento foi feito pelo “SBT News“.
Essa quantidade representa apenas 0,5% da frota nacional de 107 mil ônibus para transporte público. O Chile lidera com 2.456 ônibus elétricos, seguido pela Colômbia com 1.590 e o México com 752.
As principais cidades brasileiras com ônibus elétricos são São Paulo, com 381 veículos, e o Distrito Federal, além de estados como Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Estima-se que a atual frota de ônibus elétricos evite a emissão de 61,05 quilotons de dióxido de carbono por ano.
O Brasil comprometeu-se a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 48% até 2025 e 53% até 2030, com o objetivo de alcançar emissões líquidas neutras até 2050, conforme o Acordo de Paris. Embora os ônibus elétricos sejam uma ferramenta importante para alcançar essas metas, sua implementação enfrenta vários desafios no país.
Entre os principais obstáculos estão o custo elevado dos ônibus elétricos, que gira em torno de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões, em comparação com os ônibus convencionais a diesel que custam cerca de R$ 800 mil. Além disso, há a necessidade de adequar a infraestrutura elétrica das cidades para suportar o aumento no consumo de energia e capacitar profissionais para a manutenção dos novos veículos.
O secretário-executivo do Instituto Movimento Nacional pelo Direito ao Transporte, Wesley Ferro, destaca que o investimento em ônibus elétricos é considerado de alto risco devido à falta de infraestrutura adequada e financiamento garantido. Por exemplo, São Paulo estabeleceu uma meta de 2.600 ônibus elétricos até o final de 2024, mas está enfrentando dificuldades devido à necessidade de investimentos significativos em infraestrutura elétrica.
Outro desafio é a autonomia limitada dos ônibus elétricos com bateria, que é inferior à dos ônibus convencionais, obrigando-os a operar em linhas curtas e planas. Já os trólebus, apesar de não emitirem poluentes, são restritos às vias com rede aérea de energia.
Experiências internacionais, como as do Chile e da Colômbia, mostram que a eletrificação do transporte público é possível, mas requer um compromisso prolongado e investimentos significativos. Em Bogotá, a multinacional Enel contribui para a compra de ônibus elétricos, ajudando a viabilizar a eletrificação do transporte público na cidade.
Apesar das dificuldades, há uma crescente movimentação para renovar a frota de ônibus no Brasil, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciando investimentos para a compra de ônibus elétricos e Euro 6. Curitiba, por exemplo, tem um plano ambicioso para eletrificar 33% de sua frota até 2033 e alcançar 100% até 2050.
A eletrificação da frota é vista como um passo importante para enfrentar as mudanças climáticas e melhorar a sustentabilidade das cidades. No entanto, é necessário superar desafios financeiros e estruturais para garantir que os ônibus elétricos possam se tornar uma parte significativa do transporte público no Brasil.